segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Pode ser aqui?"- disse o rapaz apontando para a mesa.
"Sim, aqui está ótimo!"- disse a moça sorrindo.
Ele puxou a cadeira, ela sentou-se, logo em seguida ele sentou, o garçon veio os atender:
"O cardápio!"
O casal agradeceu, o garçon permaneceu ali, esperando o pedido.
"Eu quero o número 27, pra beber pode ser um suco de graviola." disse ela, o garçon tomava nota de tudo, o rapaz ainda estava indeciso, parecia um pouco nervoso, ela havia percebido tudo, mas fingiu que não percebera.
"Hmm, eu quero o número 15 e uma coca-cola." Finalmente ele havia decidido, o garçon anotou o pedido e retirou-se.
O rapaz estava vermelho, as mãos suavam, mal conseguia olhar nos olhos da moça, parecia que era uma desconhecida, mas ela se sentia totalmente segura.
"Está tudo bem?"- perguntou a moça.
"Sim, está"- ele disse, sem olhá-la nos olhos.
" Não sei, você parece diferente, não disse uma palavra até aqui, parece que está meio desajeitado, sinceramente não estou entendendo!"
O rapaz corou-se, as mãos tremiam tanto, ele não conseguia erguer a cabeça, mas percebia que os olhos dela estavam nele, finalmente o garçon chegou, ele se sentiu aliviado, abriu a coca-cola deu uma golada, a moça tomava calmamente o suco de graviola, mas logo rompeu com o silêncio.
"Tudo certo no serviço hoje?"
"Sim, tudo certo"
Ele ainda estava monossílabo, tremia ao segurar o sanduíche, a moça não sabia se insistia em uma conversa, ou se esperava que ele tomasse uma atitude e explicasse o que estava acontecendo.
Optou por não insistir, ela odiava conversas monossílabas, era como se estivessem dentro de um elevador, falando apenas pra não quebrar o canal.
O rapaz continuava na mesma, não falava nada, não olhava a moça nos olhos, de início ela se irritou, mas não deixou transparecer, começou a comer, quem sabe depois ele revelasse o motivo de estar naquele estado?
Os dois ali sentados naquela hamburgueria, comendo, silenciosamente, era estranho, sempre que saiam disputavam pra ver quem falava mais, pareciam dois tagarelas contando sobre seus dias, a faculdade, o curso, o trabalho, mas ali, pareciam dois desconhcidos obrigados a comer juntos, não por opção dela que ainda tentou estabelecer um diálogo, mas o rapaz estava tão nervoso, tão desavontade que ela preferiu não insitir.
Ele terminou o lanche primeiro que ela, deu um gole na coca-cola, alisava a toalha da mesa, continuava com os olhos abaixados, até que ergueu a cabeça, fitou-a por um instante.
"Tudo bem no serviço?"
Ela estranhou, olhou-o nos olhos, ele desviou o olhar.
"Sim, tranquilo, nada demais."
Ele tomou mais um gole do refrigerante, ela o observava, sem entender aquela situação.
"Olha Rick, sinceramente eu não sei o que está acontecendo, você me traz aqui, a gente faz um lanche, você mal consegue me olhar, não disse uma palavra se quer, parece até que você acabou de me conhecer, o que está acontecendo hein?!"
O rapaz não sabia por onde começar, percebeu que a moça estava impaciente e nervosa, sempre que ficava nervosa franzia a testa, era impressionante como ele a conhecia, começou a rir.
" Do que você está rindo?!"
"Você, franziu a testa, está nervosa e impaciente"
"Nao estou nervosa, só acho esta situação muito esquisita, sei lá estou com a impressão de que você quer me falar alguma coisa, espero que não seja nada ruim!" a voz dela já está mais suave.
"É, eu quero mesmo te falar algo, mas não sei como começar."
"Como não sabe como começar?! Dãããr, comece pelo começo ué?!" Ela sorriu!
Gente como ele adorava aquele sorriso, viajou por um instante, lembrou de quando se conheceram, foi amor ao primeiro sorriso, sim, o sorriso e os olhos foram o que mais lhe chamou a atenção e quando...
"Hey, Rick, fala logo, para de enrolar!" Ela o trouxe de volta à realidade.
"Hmm, eu sei que devo começar pelo começo, isto é óbvio, o problema é que eu não sei como tocar em assunto tão delicado sabe?!" Disse ele olhando-a nos olhos, ela colocou as mãos sobre as dele, ficaram se olhando por alguns instantes.
"O que foi, pode falar, a gente sempre contou tudo um pro outro não é mesmo?! Antes de namorados somos amigos, pode falar o que está acontecendo?!"
As mãos continuavam entrelaçadas, ele estava mais seguro, era impressioante como se sentia bem ao lado dela, respirou fundo e foi dizendo meio sem jeito.
"Então né, a gente já tá junto há um ano e meio né?! Passa rápido não é mesmo?!"
" É mesmo passou rápido, eu ainda lembro do dia em que nos conhecemos, mas o que você quer me dizer?!" Ela tentava conter a curiosidade, mas estava difícil, as mãos dele estavam geladas, as buchechas vermelhas, o coração quase saindo pela boca.
"Pois é eu também me lembro, você estava com mais duas amigas, assim que eu lancei os olhos em você eu me apaixonei e o me..."
"Não foi pra recordar o dia em que nos conhecemos que você me trouxe aqui não é mesmo?! O que você quer me dizer Henrique, chega rodeio, fala logo, daqui a pouco escurece, a gente tem que ir embora, prometi que chegava cedo em casa hoje!"
Ele percebeu que não tinha mais como voltar atrás, era notável toda impaciência, quando ela o chamava pelo nome era porque a coisa estava feia, então ele respirou fundo e foi logo dizendo...
" Ahh Mel, eu não quero te forçar a nada, mas, é que a gente já namora há um ano e meio e até agora nada, você me entende?!"
Ela puxou as mãos e lançou o olhar para a mesa, não disse nada, era a primeira vez que ele a via sem saída, para tudo o que ele dizia ela tinha uma resposta, mas desta vez parecia um passarinho perdido do ninho, aproveitou que estava por cima da situação e continuou..
"Poxa, Mel, eu te amo tanto, mas é difícil pow, tenho meus hormônios, eu chego perto de você, começo a te beijar quando a coisa começa a esquentar, você escapa, parece que joga um balde de água fria em mim, e como eu fico?!"
Ela continuava calada, não conseguia olhá-lo, isto a irritava pronfundamente, agora era ela quem estava sem palavras, o rapaz prosseguia.
"Eu sei que a gente já tinha conversado sobre isso, e que eu disse que esperaria seu momento, mas eu tenho medo deste momento nunca chegar e eu..."
Ela levantou a cabeça, ele parou de falar, os dois se olharam, ela desviou o olhar primeiro, respirou fundo e começou a falar.
"É a gente já tinha conversado sobre isso!"
O rapaz se sentiu mal, percebeu o quanto a conversa tinha desagradado a namorada, o quanto a tinha deixado sem jeito, logo em seguida veio o arrependimento, ele a amava tanto, eles se davam tão bem, ele estava sendo estúpido ao cobrá-la, pegou nas mãos da moça, desta vez ela o encarava, parecia que tinha tomado uma injeção de coragem, por dentro o corpo tremia, mas ela mantinha o olhar fixo.
"Mel, desculpa, desculpa, realmente a gente tinha conversado sobre isso e eu aqui te cobrando eu não tinha este direito, desculpa amor."
Ela não dizia nada, o que aumentava ainda mais o sentimento de culpa do namorado, que implorava pelo perdão, continuava olhando para ele, buscava palavras, mas estas não vinham, parecia que tinham se perdido por sua garganta e agora não queriam sair, ela tomou o último gole do suco de graviola, uma mão ainda estava presa a mão dele, ela franziu a testa, respirou fundo, ele acompanhava cada expressão do seu rosto, buscava por respostas, mas não conseguia decifrar.
"Não precisa se desculpar Rick, eu sei bem como você se sente, imagino que não deve ser nada fácil pra você estar há um ano e meio sem, você sabe o que, mas é difícil pra mim também, ainda mais eu que sou, você sabe o que, é muito difícil, tenho as minhas vontades também, principalmente quando você me abraça, beija o meu pescoço, mexe nos meus cabelos, enfim, eu não tenho dúvidas de que você é o cara certo, se é que existe mesmo esta de história de achar a pesssoa certa, mas eu não sei o que acontece comigo, eu, eu tenho medo, um medo, que eu sei bem do que, mas sei lá, o medo é mais forte que eu, daí eu não aguento e me bloqueio."
Agora era ele quem a olhava, os olhos estavam tão aflitos, ela já não sorria, as rugas ainda enfeitavam a testa, ele estava arrependido, como fora idiota em falar tudo aquilo, se sentia tao mal por vê-la naquela situação desconcertante se pudesse voltar atrás, a moça continuou...
"Olha Rick, acho que eu é quem lhe deve desculpas, eu te amo, amo mesmo, você sabe disso, mas eu não sei se estou preparada você me entende?! Então eu é quem não quero te obrigar a nada, eu é quem não quero te obrigar a permanecer neste relacioamento imcompleto!" - ela disfarçou um sorriso, só ela sabia o quanto era doloroso dizer tudo aquilo, era como se estivesse abrindo mão do seu amor, o rapaz, entrou em desespero.
"Eu te entendo, desculpa Mel, nossa como eu sou idiota, se eu pudesse voltar atrás, eu te espero, espero, espero o tempo que for possível, eu te amo, me perdoa, eu prometo que não toco mais neste assunto!" - o rapaz morria de medo que a moça terminasse o relacionamento, ele já havia namorado antes, mas com ela era diferente, ele estava feliz, nunca tinha se sentido tão bem, porém sentia falta do sexo, a moça percebeu o desespero do rapaz, naquele momento viu o quanto a amava, durante todo o relacionamento, nunca tinha faltado com respeito, sempre fora carinhoso e o principal amigo, de repente foi tomada por um sentimento de culpa, sentia que o rapaz estava certo em combrá-la, já estavam juntos há quase dois anos, até quando ela não se sentiria segura? Se continuasse daquele jeito poderia peder o amor de Henrique, perder tudo o que haviam construído juntos!
O rapaz a olhava, percebera logo que ela estava longe, novamente tentava buscar resposta em seu rosto, mas não conseguia, ela não transparecia o que pensava, contribuindo mais para a aflição do rapaz, até que a moça olhou o relógio, o sol já começara a se pôr.
"Vamos embora?!"
Henrique pagou a conta e os dois sairam da hamburgueria, no caminho ela ia pensativa, ele não ousou dizer uma palavra, depois de tudo o que tinha dito, achou que se dissesse mais alguma palavra que fosse estragaria mais a situação, caminharam até a casa dela, quando chegaram até o portão, ele não sabia se a beijava, se pedia desculpas, ficaram se olhando por alguns segundos, até que ele não aguentou...
"Mel, mais uma vez desculpa, desculpa, eu não tinha nad..."
Ela o agarrou e o beijou, impedindo que ele continuasse a falar, ficaram ali, trocando beijos e carícias por um bom tempo.
"Agora eu tenho que entrar!" Ela disse sorrindo, já anoitecera, mas a lua iluminava os rostos e ele notou que a ruguinha da testa já havia desaparecido, sinal de que já estava tudo bem, mas ele ainda se sentia culpado.
"Tabom, mas Mel, me descul..." Ela colocou a mão nos lábios dele, deu um beijo rápido.
"Hey, já disse que não precisa se desculpar deixe de bobagem!" Deu outro beijo, desta vez demorou mais.
"Nos vemos amanhã?!"
" Sim, te pego no curso!"
Ela se despediu e entrou, ele estava mais aliviado, ainda bem que tudo tinha se resolvido, percebeu que tinha a "mulher ideal", e prometera pra sim mesmo que por mais forte que fossem seus hormônios se controlaria para nunca mais acontecer o que havia acontecido hoje, esperaria por ela o quanto fosse preciso.
"Por ela vale a pena!" Disse para si mesmo, caminhando em sentido a sua casa, assobiava She love's you dos Beatles.

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